Fronteiras

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sala 24 do Prédio das Ciências Sociais e Filosofia da FFLCH-USP.

com Marco Tobón Ocampo (Unicamp) e Roberta Marcondes Costa (NEIP/USP)
Mediação: Arthur Fontgalant (PPGAS/USP)

A quem pertence a terra? Quem tem o direito de reivindicar partes dela e os vários seres que nela habitam? Quem determina sua distribuição ou divisão?”, pergunta o filósofo Achille Mbembe diante um mundo que limita movimentos e reforça fronteiras. As fronteiras cada vez mais se tornam espaços de reforço e reprodução de vulnerabilidades, de encarceramento de ideias e movimentos. Mas o que são fronteiras?

Entre sentidos geopolíticos e simbólicos, fronteiras são comumente lidas como limites, divisas, espaços de contiguidade. Além da demarcação de espacialidades, a noção de fronteira também produz e acentua vulnerabilidades, cerceia movimentos,  codifica corpos e relações, busca controlar devires e intensidades. O fato, é que a noção de fronteira move há muito o pensamento antropológico, sob diversas formas e em diferentes campos.

Enquanto as etnografias produzidas nas chamadas “regiões de fronteira” territoriais perseguem esta noção, demonstrando tanto sua permeabilidade pelos trânsitos de pessoas e coletivos quanto o contingenciamento das relações entre terras e suas gentes, a própria Antropologia se faz produzindo suas próprias fronteiras, mobilizando objetos e questões que estabilizam e/ou desconstroem delimitações teóricas, conceituais, metodológicas e disciplinares. Se o conhecimento antropológico é inerentemente relacional (Wagner, 1975), as relações dos pesquisadores com outros mundos faz nossa disciplina repensar e (re)inventar suas fronteiras de forma contínua.

Dos estudos de gênero à Antropologia do corpo e da saúde; das práticas científicas às cosmopolíticas nativas, entre outros campos, a Antropologia se depara com “regiões de fronteira”, marcadas por codificações, movimentos, estabilizações e desestabilizações. Se parecem distantes as antropologias que se ocuparam de identificar fronteiras entre grupos étnicos, a noção de fronteira certamente não parece ser um “objeto em vias de extinção” (Sahlins, 1997).

Na Sexta do Mês de setembro queremos pensar a partir das fronteiras e convidamos todas, todxs e todos a conhecer alguns pontos de vista antropológicos em torno desta noção, tomando-a tanto como um dado de determinados contextos de pesquisa etnográfica, quanto como um objeto de reflexão conceitual de nossa disciplina.