Seminário "A doma genética e o estreitamento dos futuros multiespécie”, com o Prof. Dr. Jean Segata

Data/horário
Local
Sala 08, Edifício de Filosofia e Ciências Sociais, FFLCH - Av. Prof. Luciano Gualberto, 315 - Cidade Universitária - São Paulo.

No dia 6 de junho (sexta-feira) acontecerá o seminário "A doma genética e o estreitamento dos futuros multiespécie”, que será ministrado pelo professor do Departamento de Antropologia da UFRGS e pesquisador no Departamento de Estudos Humanísticos, da Università Ca'Foscari Venezia, Dr. Jean Segata. O evento será das 16h às 18h, no auditório 8 da FFLCH - USP, e é promovido pelo coletivo de antropologia CHAMA.

A pesquisa de Segata descreve as transformações nas relações entre humanos, gado e ambiente nos campos sulinos do Brasil, a partir da consolidação de raças taurinas britânicas, como o Angus, valorizadas pela qualidade da carne. O sucesso dessa raça nos trópicos resulta de um processo prolongado de melhoramento genético, que articula biotecnologias avançadas, manejo zootécnico preciso, saberes locais e memória socioambiental. Mais recentemente, a incorporação da genômica e de algoritmos de acasalamento tem redesenhado a criação bovina, modificando temporalidades, corpos e funções reprodutivas. Esse arranjo tecnológico, contudo, produz efeitos ambivalentes: por um lado, fortalece os fluxos genéticos e posiciona o Angus brasileiro como uma linhagem distinta nos mercados globais de carne; por outro, contribui para o estreitamento dos futuros multiespécie, em que lugares como o Pampa e o Planalto Serrano Catarinense tornam-se não apenas novos territórios de inovação, mas também palcos de um drama silencioso, no qual raças consideradas economicamente ineficientes desaparecem junto com saberes, tradições e modos de vida, descontinuados em nome de uma modernização orientada pelo mercado.

O Coletivo de Antropologia, Ambiente e Biotecnodiversidade (CHAMA) é grupo de pesquisa que nasce no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS -USP) e aposta nos estudos clássicos da antropologia da técnica e na emergente antropologia da vida para lançar um programa de ensino, pesquisa e divulgação científica sobre a biotecnodiversidade, isto é, a diversidade de ações e concepções biotécnicas.