Profª Drª Ana Claudia Duarte Rocha Marques
O ponto de partida desse curso é a intrínseca, porém pouco explorada relação, entre parentesco e memória; sua motivação inicial é a hipótese de que ambos se moldam mutuamente, onde quer que o parentesco norteie a vida social. Nesse sentido, genealogias, narrativas, iconografias, arquiteturas, rituais e celebrações podem ser assumidos como artefatos e artifícios mnemônicos, que porventura infletem nas experiências e concepções particulares da história e do tempo. Dessa conexão entre memória e parentesco derivam-se, ainda, questões relacionadas ao caráter individual ou coletivo da memória. O curso se debruçará sobre produções etnográficas e sobre teorias antropológicas que, em abstrato, problematizam as múltiplas e variadas formas de manifestação da memória em diferentes formações sociais. Os debates concernentes ao relativismo ou universalismo conceituais do tempo e da história situam-se aí de maneira tributária. Este curso propõe, assim, um recorte bastante específico sobre temas que são tão amplos quanto controversos, dentro e fora da Antropologia. Com algumas digressões pela Sociologia, pela História e pela Filosofia, o propósito do curso é a busca de instrumentos analíticos para dar conta de diferentes apreensões, representações, elaborações e sentidos de memória, tempo e história que os antropólogos percebem e procuram descrever entre os sujeitos que estudam. Da mesma forma que pretende refletir sobre os alcances e limites desses mesmos instrumentais.