FLS5936 – A Presença da Ausência: Sobre Arquivos Visuais e Séries Iconográficas

Docente Responsável

Profa. Dra. Lilia Katri Moritz Schwarcz
Dr. Paulo Augusto Franco de Alcântara

Este minicurso tem como objetivo repensar a ideia de arquivos visuais a partir da análise de seis recortes iconográficos. Para isso, teremos em conta perspetivas que tensionam e transgridem as fronteiras disciplinares entre história(s) e antropologia(s), confrontando esses arquivos não como “depósitos do tempo passado” (Azoulay, 2011), mas, ao contrário, como um campo vivo, repleto de tensões, ambiguidades, brechas, lacunas e indagações. Trata-se, antes, de um campo aberto à inquirição crítica no qual devem-se lançar questões antropológicas sobre o passado (Des Chenes, 1997). Retomando os conceitos de “fabulação crítica” (Hartman 2008) e de “práticas de recusa” (Campt 2019), vamos indagar sobre os limites dos arquivos coloniais em suas matrizes eurocêntricas, branqueadas e masculinizadas. Desenvolveremos uma leitura “contra-narrativa” dos arquivos visuais, questionando as suas lacunas e os silêncios que tanto reafirmam uma história construída sob o ponto de vista do poder (Troillot). Trabalharemos a recusa de suas formas autoritativas, pelo que esses arquivos não pretendem dizer, mostrar ou objetivamente apresentar. Temos em vista, pois, o exercício de realização de uma história do “afterimage”, como defende Kimberly Juanita Brown (2015: 14), que possa “ressuscitar corpos abandonados”, trazer imagens residuais como um dispositivo de reparação, de rememoração. A ideia é, também, procurar por "arquivos insurgentes”, como propõe o antropólogo João Biehl (2020), onde estejam estampadas as imagens do poder, mas também as suas rachaduras, e pequenas insurreições. Para tanto, a proposta implica analisar imagens de maneira tensionada, cruzando temporalidades, espaços e suportes, buscando reiterações formais que permitam estabelecer exercícios comparativos visuais.