Lista de Disciplinas

Buscas em mais de um campo geram buscas combinadas
Docente Responsável:

Profa. Dra. Ana Claudia Duarte Rocha Marques

Carga Horária:120h
Créditos:8

O curso visa oferecer um espaço de reflexão ampliado sobre as artes da pesquisa antropológica, seus desafios e derivas, a partir dos projetos e experiências de investigação dos alunos, de modo a auxiliá-los, pela discussão integrada e comparada, em seus respectivos trabalhos. O objetivo central é realizar uma reflexão detida sobre procedimentos, recortes e escolhas analíticas, com o auxílio da troca de experiências entre pesquisadores provenientes de diferentes campos e subespecialidades no interior da Antropologia. A discussão coletiva se beneficiará da intervenção de um debatedor, previamente escolhido, e dos comentários dos demais alunos e da professora. Esse debatedor será um outro aluno do curso e, se for do interesse do aluno, um convidado externo poderá também participar da sessão de discussão de seu projeto. Indicações bibliográficas serão feitas ao longo do curso, em função das questões colocadas pelos projetos e de dois nortes centrais que orientam a disciplina: 1. a variedade de formas e feitios da pesquisa antropológica e 2. a inseparabilidade entre teoria e método.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Laura Moutinho

Carga Horária:120h
Créditos:8

A disciplina tem por objetivo principal a discussão e aprimoramento do projetos de pesquisa dos alunos ingressantes no doutorado do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. Além de examinar o conteúdo e a forma dos projetos, o curso busca fornecer aos alunos um treinamento em discussão acadêmica com colegas de diversas subáreas da antropologia.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Heloisa Buarque de Almeida

Carga Horária:120h
Créditos:8

Gênero tornou-se uma categoria e uma reflexão teórica muito relevante nas ciências humanas nas últimas três décadas. Sua produção teórica específica tem tido um desenvolvimento e uma produção crescente desde a década de 1970, em diálogo com as teorias sociais, com reflexões acerca das formas de poder e de desigualdade que são social e culturalmente produzidas. Os debates sobre gênero dialogam intensamente com as revisões acerca dos conceitos de sociedade, natureza, cultura, poder, violência, e com as questões de direitos humanos.
A disciplina tem como objetivos mostrar a construção do conceito de gênero nas ciências humanas e sociais, explorando a teoria em diversos níveis – desde a constituição do campo, a forte relação entre teoria de gênero e a teoria antropológica, a questão das interseccionalidade e de outros marcadores sociais da diferença, e os desdobramentos mais contemporâneos no campo.

Docente Responsável:

Prof. Dr. Heitor Frúgoli Júnior

Carga Horária:120h
Créditos:8

Trata-se de avançar nos fundamentos do campo da antropologia da cidade, com base numa tradição já acumulada, bem como frente aos consideráveis desafios advindos das múltiplas dimensões e crises que assinalam a vida urbana. Isso implica em contemplar, simultaneamente, o fortalecimento desse campo específico no interior da antropologia, os diálogos com outras áreas das ciências humanas, e o cotejo entre tradições existentes em distintos países.

Interessa-nos tomar as cidades como contextos assinalados por linhas de força amplamente diversificadas e heterogêneas, em que o enfrentamento etnográfico constitui uma prática decisiva na reconstituição de redes de relações e conexões, dadas a princípio pelas/os próprias/os citadinas/os, em suas relações com equipamentos e artefatos urbanos. Inicialmente, será realizado um mapeamento da antropologia urbana brasileira, com o exame dos principais referenciais que norteiam essa tradição, com os desafios etnográficos correspondentes. Em seguida, buscar-se-á ampliações de tal âmbito, com enfoque em outras tradições de antropologia urbana (estadunidense, francesa e ibérica) que tomam o espaço urbano como dimensão constitutiva da pesquisa.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Ana Claudia Duarte Rocha Marques

Carga Horária:8h
Créditos:8

O curso se propõe a oferecer um apanhado geral das teorias clássicas, cobrindo uma bibliografia considerada indispensável para a formação de profissionais em antropologia. Ainda que o (discutível) rótulo “teorias clássicas” abrigue um amplo leque de autores, temas e problemas - além de largo espectro cronológico -, trata-se de privilegiar alguns trajetos e tradições, comparando-os.

Docente Responsável:

Dr. Vagner Gonçalves da Silva
Drª. Ana Lídia Cardoso do Nascimento

Carga Horária:120h
Créditos:8

A disciplina se justifica pela oportunidade de diálogos interacadêmicos e de compartilhamento de vivências sobre as religiosidades e saberes tradicionais afro-indígena- brasileiros provenientes de diferentes regiões do Brasil, abordando contextos da pajelança, jurema, encantaria, culto aos caboclos, candomblé, umbanda, santo daime etc. Os dois proponentes do curso (Ana Lídia C. do Nascimento, da Universidade Federal Rural da Amazônia, campus Belém, e o seu supervisor do estágio pós-doutoral, Vagner Gonçalves da Silva, da USP) são atuantes nos campos do conhecimento colocados em perspectiva no programa, porém trata-se de ampliar o escopo da discussão por meio da presença (online) de professores convidados ao curso, sobretudo de universidades fora do eixo Rio-São Paulo, e de mestres de saberes tradicionais. Sabe-se que as produções sobre as religiões afro-brasileiras tiveram um crescimento expressivo, mas ainda há muito a se avançar e as reflexões comparativas entre regiões diversas e modalidades de culto podem gerar perspectivas colaborativas decorrentes da diversidade de compreensões, olhares, fazeres e experiências.

Docente Responsável:

Rose Satiko Gitirana Hikiji
Yuri Prado Brandão de Souza

Carga Horária:120h
Créditos:8

Se a importância do registro sonoro para a etnomusicologia é bastante reconhecida, o registro audiovisual para a pesquisa de fazeres musicais foi explorado de forma esporádica na disciplina. No século XXI, observamos um crescimento do interesse dos etnomusicólogos nas produções audiovisuais, com a formação de grupos internacionais de discussão, a criação de uma revista acadêmica especializada, e espaços para a difusão de filmes etnomusicológicos. Ao mesmo tempo, a área da etnomusicologia audiovisual ainda não está consolidada, como se pode observar na pequena oferta de disciplinas e na ausência de formação técnica nas universidades para os pesquisadores interessados em aliar a produção audiovisual à pesquisa de fazeres musicais. Este curso visa a abrir espaço para a análise, reflexão e produção nesse campo de estudos.

Docente Responsável:

Profª. Drª. Dominique Tilkin Gallois
Drª. Juliana Oliveira Silva

Carga Horária:120h
Créditos:8

Nesse curso, o foco do nosso debate serão as transformações indígenas impulsionadas nas relações de contato e os processos de indigenização das mercadorias. As mercadorias – componentes das “coisas dos brancos” – representam uma etapa dentro de um processo de incorporação de bens e conhecimentos estrangeiros que inclui elementos apropriados na relação entre indígenas e não-indígenas, e entre povos indígenas vizinhos. Os modos de inserção das populações não europeias no sistema capitalista mundial é um dos temas da Antropologia desde o início. Nos anos 1970, por um lado, enfatizava-se a aculturação e assimilação dos povos indígenas à sociedade nacional e, por outro, destacava-se o aspecto conflituoso do contato interétnico. Entre os anos 1980 e 1990, houve uma releitura antropológica das relações coloniais que passaram a ser vistas sob a ótica da reelaboração local e criativa de uma ordem global. A partir dos anos 2000, com o aumento crescente do acesso dos povos indígenas aos benefícios sociais e a cargos de trabalho remunerados, diferentes formas de classificar e incorporar as mercadorias têm sido evidenciadas. Alguns grupos atribuem as origens desses bens aos não-indígenas, outros a seres míticos, diferenciando-os ou não de seus próprios artefatos.

Docente Responsável:

Profª. Drª. Francirosy Campos Barbosa
Drª. Kelen Pessuto

Carga Horária:120h
Créditos:8

A disciplina visa integrar a Antropologia às imagens, proporcionando aos alunos uma compreensão aprofundada das práticas e teorias fundamentais nesse campo. Ao explorar a produção visual como ferramenta e objeto de pesquisa, a disciplina capacita os participantes a adquirirem habilidades práticas na representação e interpretação das culturas.

Docente Responsável:

Prof. Dr. Renato Sztutman
Drs. Karen Shiratori, Fábio Zuker e Emanuele Fabiano

Carga Horária:120h
Créditos:8

Ao se debruçar sobre o fenômeno das plantations, esse curso pretende fazer um vaivém histórico e geográfico, em vista de abordar os elementos que estruturam histórica e ecologicamente este sistema agrícola de plantio definidor da própria modernidade. Pretende-se aqui compreender as plantations simultaneamente como uma forma colonial de habitar a terra, bem como uma estrutura política intrinsecamente relacionada à escravidão (Ferdinand, 2022).

Docente Responsável:

Fernanda Arêas Peixoto
Juliana Coelho de Souza Ladeira

Carga Horária:120h
Créditos:8

O curso pretende abordar os agenciamentos cênicos criados a partir de um outro (o colonizado), em especial, nas “Exposições universais e coloniais”, não se atendo a esses eventos, mas expandindo a análise para as cenografias museográficas, a produção cinematográfica e espetacular. Examinaremos alguns dispositivos de encenação desses outros, de seus objetos, assim como da própria paisagem colonial: dioramas, vitrines, esculturas, recriações arquitetônicas, recriações cênicas e espetáculos. As Exposições coloniais e universais têm uma aparição pontual na história mundial recente, ocorrendo inicialmente na Europa, e logo se estendendo às Américas e ao continente asiático. Esses eventos espetaculares híbridos propunham organizações para a condução do olhar dos visitantes, conjugando ações de domínios diversos como exibição de pessoas e objetos, espetáculos, atividades de educação e de pesquisa, estabelecendo circulações que perpassavam os campos da ciência e do espetáculo. Para auxiliar na discussão, visitaremos as noções de “teatralidade”, “performatividade” e “espetacularidade”, que são fundamentais para compreender esses fenômenos que, por sua vez, não podem ser entendidos fora da esfera de dominação colonial. O entrelaçamento desses conceitos, abordados tanto nos estudos teatrais, quanto na antropologia, podem auxiliar a compreensão dos dispositivos empregados para a criação de um efeito de autenticidade nos espectadores.

Docente Responsável:

Prof. Dr. Renato Sztutman
Dr. André Lopes

Carga Horária:120h
Créditos:8

Apresentar uma introdução aos cinemas indígenas praticados em diversos lugares do Brasil, com comparações pontuais com outras partes do mundo. A partir dos pioneiros experimentos etnográficos de Jean Rouch na África, Sol Worth e John Adair nos Navajo, realizaremos uma introdução às tradições antropológicas que deram origem aos experimentos filmográficos com povos indígenas ao redor do mundo. Em seguida visitaremos as experiências pioneiras dos Kayapó com Terence Turner, e o início do projeto Vídeo nas Aldeias. Faremos um sobrevoo por diversas iniciativas de cinemas indígenas em território brasileiro, comparando diferentes estratégias de auto-representação, linguagens fílmicas e modalidades de relação dos povos indígenas com suas respectivas figuras de alteridade, sejam elas outros grupos indígenas, pessoas mortas, espíritos que habitam suas paisagens, agentes de seus estados nacionais e assim por diante. A ideia é ter uma visão geral do que tem sido realizado em distintos lugares, as principais instituições, realizadores e intenções que norteiam essa recente produção. Por meio de inúmeras obras produzidas por cineastas indígenas, desde pequenas iniciativas fomentadas em parcerias com pesquisadores até produções maiores com apoio de instituições, o objetivo é oferecer através desses múltiplos discursos fílmicos uma aproximação às discussões contemporâneas da proposta cosmopolítica e seus desdobramentos nas reflexões da etnologia ameríndia.

Docente Responsável:

Prof. Dr. Vagner Gonçalves

Carga Horária:120h
Créditos:8

- Formação e dinâmica das religiões afro-brasileiras e estilo de vida
- O terreiro na rua: sociabilidade religiosa e lúdica
- Representações artísticas do sagrado afro-brasileiro
- Arte, política e patrimônio afro-brasileiro
- Religião e Políticas Identitárias
- Religião, Nação e Transnacionalismos

Docente Responsável:

Prof. Dr. João Felipe Gonçalves

Carga Horária:120h
Créditos:8

Este curso tem por objetivo central apresentar e discutir diferentes formas pelas quais a antropologia anglófona do começo do século XXI tem trabalhado a relação entre significado e poder. Depois de três aulas que examinam textos antropológicos anteriores e dois influentes livros de caráter interdisciplinar, o curso discute etnografias recentes que interrogam de forma exemplar a relação entre significado e poder. Em termos geográficos, as temáticas das leituras se dividem equitativamente entre três áreas mundiais: o Caribe, a África, e o Sudeste Asiático (das quais, ademais, provêm oito dos quinze autores discutidos). Através de monografias sobre essas regiões, o curso visa a examinar tópicos como: soberania, racialidade, capitalismo, globalização, etnicidade, colonialismo, cidadania, religiosidade e nacionalismo.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Heloisa Buarque de Almeida

Carga Horária:120h
Créditos:8

O curso pretende discutir a interface entre religião, sexualidade e a constituição contemporânea de sujeitos políticos partindo das atuais controvérsias que grassam as arenas públicas nacionais e internacionais no tocante aos direitos sexuais e aos direitos reprodutivos. A disciplina parte de uma revisão bibliográfica atrelada a um conjunto de produções conceituais que pensam a “religião” e a reavaliação de sua importância nos debates públicos, discutindo modos de constituição dos sujeitos, corpo, gênero e sexualidade em contextos religiosos.

Docente Responsável:

Profª Drª Rose Satiko Gitirana Hikiji
Ministrante: Prof Dr Gibran Teixeira Braga

Carga Horária:120h
Créditos:8

O curso tem por objetivo pensar a música, em seu contexto mais amplo, como um elemento fundamental em dinâmicas sociais diversas. A partir de bibliografia teórica e etnográfica, discutiremos a relação entre a música e os marcadores sociais da diferença, sob uma perspectiva interseccional, e sua relação com a produção de localidades.

Docente Responsável:

Prof Dr Renato Sztutman

Carga Horária:120h
Créditos:8

a) discutir os efeitos e as extensões da “proposta cosmopolítica”, lançada pela filósofa Isabelle Stengers nas reflexões da antropologia contemporânea; b) pensar formas de resistência e de criatividade política a partir da crise e da crítica das noções modernas de “natureza” e “política”; c) articular os estudos de ciência e tecnologia à etnologia indígena; d) aproximar antropologia e filosofia política contemporâneas.

Docente Responsável:

Profª Drª Rose Satiko Gitirana Hikiji
Prof. Dr. Jasper Morgan Chalcraft

Carga Horária:120h
Créditos:8

O curso tem a duração de um mês, consistindo em quatro semanas de palestras / seminários. Ele é projetado para atrair estudantes de pós-graduação interessados ​​em questões de patrimônio, identidade, migração e abordagens participativas do patrimônio. Estruturado em torno de quatro temas, o curso abordará: (1) Antropologias de Patrimônio Difícil; (2) Representando o Patrimônio Colonial; (3) Patrimônio difícil na tela; (4) Da Política do Patrimônio à Prática: perspectivas do praticante. Os objetivos de aprendizagem do curso são dar aos alunos: (1) uma visão geral da variedade de abordagens usadas nos estudos críticos do patrimônio; (2) compreensão detalhada de estudos de caso, como os problemas de trabalhar com heranças coloniais em contextos pós-coloniais, e (3) fornecer algumas ferramentas e estratégias práticas para aqueles que desejam trabalhar com patrimônios "difíceis" em suas comunidades, arquivos de interesses acadêmicos.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Marta Rosa Amoroso
Profa. Dra. Karen Gomes Shiratori
Profa. Dra. Ana Gabriela Morim de Lima

Carga Horária:120h
Créditos:8

Ao mapear e aprofundar diferentes abordagens teóricas e metodológicas acerca das plantas, em suas relações multiespecíficas com outros humanos e não- humanos, o curso propõe uma reflexão sobre os desdobramentos desta discussão multidisciplinar no debate antropológico contemporâneo, mas não só. Dando um passo além, ainda que isso signifique “desacelerar” e “ficar com o problema”, buscamos por meio do olhar e da escuta atenta para a vida vegetal, uma inspiração que nos permita recompor novas alianças e formas de ativismo, cultivando a criatividade e a habilidade de oferecer respostas locais aos problemas globais da atualidade.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Maria Manuela Carneiro

Carga Horária:120h
Créditos:8

Analisar o agronegócio como fenômeno político no Brasil e seus conflitos socioambientais. Há dois módulos no curso, cada um deles com seis aulas: o primeiro distingue as dimensões conceituais, econômicas e políticas do agronegócio, aborda sua organização e seus conflitos, examina seus principais agentes (bancada ruralista, Instituto Pensar Agropecuária e CNA) e analisa criticamente suas narrativas de legitimação (ideias-força, imagens e estatísticas); o segundo trata de desdobramentos desse fenômeno em relação aos povos indígenas, às populações tradicionais, à agricultura familiar, à segurança alimentar e ao meio ambiente, assim como reações a essas consequências.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Fernanda Arêas Peixoto

Carga Horária:120h
Créditos:8

O curso tem como objetivo central lançar uma reflexão ampliada sobre a noção de criação, afastando-a das trilhas correntes que tendem a associá-la ao engenho inventivo de um sujeito (individual ou coletivo), e à elaboração de coisas novas em função de projetos que incidem sobre o mundo ao redor. O intuito é testar os rendimentos analíticos da noção quando experimentada em domínios outros, alargando-a com o auxílio de pesquisas realizadas em terrenos variados: criação de gentes, animais, roças, objetos etc. Em um segundo tempo, trata-se de focalizar as artesanias que, interpretadas à luz dessa série semântica ampliada, logram separar-se de vias interpretativas usuais que as associam, de um lado, à “tradição” e, de outro, às identidades e resistências. Menos do que negar a importância das discussões existentes, o intuito é deslocar a reflexão, com o auxílio de análises variadas, que auxiliarão, entre outras coisas, a que procedamos ao escrutínio crítico de categorias tais como “arte popular”, “arte primitiva”, “folclore”, “artesanato”, “tradição” etc.

Docente Responsável:

Profª Ana Cláudia Duarte Rocha Marques

Carga Horária:120h
Créditos:8

A noção de Família Patriarcal no Brasil; Modelos do Pensamento Político no Brasil; Clientelismo e Patronagem; modelos de organização familiar em diferentes estratos sociais brasileiros; herança e sucessão; casamento; concepções de unidades sociais a partir da noção de família e seus limites; categorias nativas indicativas de valores, reputações, sangue e território; política e família.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Marta Amoroso

Carga Horária:120h
Créditos:120

A disciplina tem como objetivos apresentar uma introdução ao debate contemporâneo da etnologia das terras baixas sul-americanas sobre as noções de pessoa, corporalidade e substância.
São conhecidos os comentários de Claude Lévi-Strauss sobre a obra de Marcel Mauss na famosa introdução de 1950: o quanto o pensamento de Mauss inovava o campo de estudos da antropologia e das ciência modernas ao refletir sobre as técnicas do corpo, ao propor uma história do pensamento em torno da a noção de pessoa e ao celebrar a revolução acionada para as ciências sociais pelo estudo maussiano sobre a dádiva. No campo de estudos da etnologia indígena dois manifestos (Overing Kaplan 1977; Seeger et all 1978) prepararam nova fase dos estudos ameríndios etnográfica comprometida com as concepções e práticas dos povos indígenas. O corpo naquele contexto foi eleito “idioma simbólico focal” (Seeger et all 1979). A partir de tais marcos conceituais, a disciplina reflete sobre a produção de etnografias nas três últimas décadas sobre a Amazônia e as Terras Baixas Meridionais. O curso volta-se para estudos monográficos sobre povos indígenas do continente sulamericano que refletiram sobre o tema da pessoa das últimas três décadas, destacando a produção recente das/os antropólogas/os indígenas relativa a: geração do parentesco e a definição da humanidade; os dispositivos rituais na fabricação do corpo e da alteridade; a comensalidade; as assimetrias das/os donas/os e mestres.

Docente Responsável:

Prof. Dr. Julio Assis Simoes

Carga Horária:120h
Créditos:8

Este curso visa oferecer uma visão da sexualidade como objeto de reflexão e pesquisa na antropologia social, mapeando abordagens, perspectivas teóricas, estratégias metodológicas e seu impacto social e político. Busca-se situar criticamente o interesse que o tema da sexualidade e suas intersecções com outras modalidades de organização e classificação da subjetividade e da experiência social (tais como gênero, raça, etnia, classe e geração) têm despertado nas ciências sociais e no debate público contemporâneo, chamando a atenção para as dinâmicas societárias e culturais envolvidas em processos de formação de identidades e constituição de sujeitos de direitos.

Docente Responsável:

Profª Drª Heloisa Buarque de Almeida

Carga Horária:120h
Créditos:8

A disciplina inicia-se explorando o conceito de gênero, com algumas reflexões sobre a teoria contemporânea e a questão das intersecções. A seguir, enfoca a problemática da definição da violência, e como esta categoria é construída em determinados contextos sociais. Por fim, explora a conexão entre formas de violência que são associadas ao gênero e marcadores sociais da diferença. A disciplina cobre assim algumas abordagens destes dois campos de estudo, com o objetivo de refletir sobre formas específicas de violência de gênero, a partir da compreensão dos conceitos (como gênero) e da perspectiva das ciências sociais nos estudos sobre violência.

Docente Responsável:

Prof. Dr. Pedro de Niemeyer Cesarino

Carga Horária:120h
Créditos:8

O curso pretende oferecer uma reflexão sobre as relações entre antropologia, tradução e literatura, com ênfase em estudos etnográficos de sociedades ameríndias. Em um primeiro momento, serão estudados trabalhos recentes sobre as noções de tradução na teoria antropológica e em sua problematização do conceito de ontologia, a serem confrontados com estudos mais específicos sobre os regimes ameríndios de conhecimento e de expressão. Dentre esses regimes, destacam-se aqueles relacionados às artes verbais (compreendidas aí expressões tais como narrativas e cantos rituais), cujo sentido tem sido objeto recente de reavaliação, sobretudo por conta dos nexos intersemióticos, ou seja, das conexões fundamentais entre imagem, palavra, música e movimento, capazes de apontar para um estatuto peculiar das manifestações estéticas ameríndias. Além de tais aspectos, serão estudadas as consequências conceituais derivadas de problemas tais como as composições metafóricas e formulares, decisivas para a compreensão dos processos de transmissão e produção de conhecimento verbal e especulativo. Pretende-se, a partir daí, refletir sobre o próprio estatuto de tais formas expressivas e suas (in)compatibilidades com redefinições recentes do literário, que tem se valido da influência de estudos etnológicos para repensar problemas diversos tais como a própria noção de tradução e as configurações enunciativas.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Heloisa Buarque de Almeida
Ministrante: Profª Drª Jacqueline Moraes Teixeira

Carga Horária:120h
Créditos:8

A disciplina busca trazer para a discussão a polissemia do termo violência, mostrando como a Antropologia (e a Sociologia e a Filosofia) vem abordando o tema ao longo de sua história. Sobretudo, investe na ideia de que violência deve ser pensada de forma relacional e em interação com outras temáticas. Deste modo, o curso parte de autores clássicos, como Clastres, Gluckman e Douglas, passando por influências da Filosofia como Arendt, Foucault, Butler e Agamben, até a leitura de etnografias contemporâneas, sobretudo com foco no contexto brasileiro. Há também uma especial atenção a três eixos: violência, gênero e sexualidade; violência e criminalidade (e os estudos sobre periferias e favelas); e violência, reconhecimento, justiça e direitos. Assim, o fio condutor vai desde ideias mais gerais sobre violência até estudos que buscam compreender formas particulares de violências, bem como as narrativas e representados em torno das mesmas.

Docente Responsável:

Profª. Dra. Sylvia Maria Caiuby Novaes
Profª. Dra. Kelly Koide

Carga Horária:120h
Créditos:8

Como parte da linha de pesquisa “Antropologia das Formas Expressivas”, o objetivo deste curso é apresentar produções poéticas e fotográficas do século XX e obras mais contemporâneas. A partir desses materiais, será possível refletir sobre os modos de ver próprios da poesia e da fotografia, bem como as afinidades entre texto e palavra em diferentes suportes plásticos e gráficos.

Docente Responsável:

Profª. Drª. Heloísa Buarque de Almeida

Carga Horária:120h
Créditos:8

Mostrar a construção do conceito de gênero nas ciências humanas e sociais, explorando a teoria em diversos níveis – desde a constituição do campo, a forte relação entre teoria de gênero e a teoria antropológica, a questão das interseccionalidade e de outros marcadores sociais da diferença, e os desdobramentos mais contemporâneos no campo.

Gênero tornou-se uma categoria e uma reflexão teórica muito relevante nas ciências humanas nas últimas três décadas. Sua produção teórica específica tem tido um desenvolvimento e uma produção crescente desde a década de 1970, em diálogo com as teorias sociais, com reflexões acerca das formas de poder e de desigualdade que são social e culturalmente produzidas. Os debates sobre gênero dialogam intensamente com as revisões acerca dos conceitos de sociedade, natureza, cultura, poder, violência, e com as questões de direitos humanos.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Sylvia Maria Caiuby Novaes

Carga Horária:120h
Créditos:8

A partir de temáticas e de autores específicos, que vem sendo objeto de pesquisas recentes na linha de antropologia das formas expressivas e formas de conhecimento, o curso procura colocar em relação e discussão alguns temas, nem sempre relacionados na história da disciplina: fotografias, trajetórias e narrativas. Além de proporcionar um repertório sobre alguns dos grandes profissionais da imagem, seja ela fixa ou em movimento, procuramos igualmente nos deter na possibilidade de identificar diferentes estilos nessa produção assim como formas específicas de produção de conhecimento por meio de imagens. Outro grande tema do curso é o que ao longo da história da disciplina foi chamado de história de vida, biografia, etnobiografia e trajetória. Como pensar, numa perspectiva antropológica, a vida de um indivíduo, sem cair nas clássicas dicotomias público/privado; coletivo/individual? Dois outros conceitos, experiência e narrativa, nos auxiliam a pensar a relação entre os grandes temas do curso: fotografias e trajetórias. O curso procura desenvolver essas reflexões em 4 eixos: 1. Fotografia e história de vida; 2. Fotografia e Memória; 3. Fotografia, experiência e narrativa; 4. O estatuto epistemológico da fotografia para pensar temas caros à antropologia.

Docente Responsável:

Laura Moutinho
Pedro Lopes

Carga Horária:120h
Créditos:8

Esta disciplina tem como foco a reflexão sobre a escrita acadêmica e sua posterior publicação, sobretudo no formato de artigos científicos. O foco é colocar em revista os mecanismos de comunicação científica e discutir sua importância. Espera-se, portanto, colocar em tela ao longo das aulas vários formatos de escrita: dissertação, tese, ensaio ou artigo para jornal, texto de apoio ou desenvolvimento de políticas públicas e artigo acadêmico. Cada um desses formatos opera com distintos estilos e regras de escrita, bem como temporalidades e relações com os materiais e processos de pesquisa. As escritas antropológica e etnográfica apontam para uma reflexão densa sobre processos de autoria. Como ficam essas questões dentro das regras de publicação acadêmica? Esse curso assume que escrita é sempre reescrita. Como se organizar para a escrita e para a preparação de seus manuscritos para publicação? Revisão bibliográfica: como fazer? Quem e o que citar e por que? Como se deve fazer a escolha do periódico a publicar? Quais critérios seguir? Métricas e indicadores: circulação e impacto da sua produção. Peer review: entendo e lidando com as críticas.

Docente Responsável:

Prof. Dr. Júlio Assis Simões
Ministrante: Prof. Dr. Diego Madi Dias

Carga Horária:120h
Créditos:8

Relativizando a hegemonia da heterossexualidade reprodutiva, o curso tem por objetivo oferecer aos estudantes uma visão alternativa aos discursos antropológicos sobre a economia das trocas simbólicas, chamando atenção para os processos de subjetivação envolvendo parentesco e saúde no contexto das sexualidades não reprodutivas.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Dominique Tilkin Gallois
Dr. Claide de Paula Moraes

Carga Horária:120h
Créditos:8

A problemática central da disciplina consiste na descrição de distintos regimes de conhecimento, a partir de diversos contextos de produção, formas de expressão e traduções envolvidos na transformação dos saberes e práticas indígenas, habitualmente caracterizados como “conhecimentos tradicionais”. Nesta edição, nos propomos tratar dessas transformações a partir da aproximação entre as metodologias da Etnologia Ameríndia e da Arqueologia. A bibliografia selecionada para cinco blocos temáticos aborda experiencias de pesquisa fundadas na articulação entre sistemas e práticas de conhecimento, possibilitando assim reflexões em torno de ‘redes de saberes”, em suas convergências ou divergências.

Docente Responsável:

Prof. Dr. Pedro de Niemeyer Cesarino

Carga Horária:120h
Créditos:8

1) Antropologia da arte: introdução geral 2) A teoria etnográfica de Marilyn Strathern: estética, visualização e conexão 3) A antropologia da arte de Alfred Gell: Agência, pessoa e índice 4) Topologia e recursividade: aproximações entre Amazônia e Melanésia 5) Produção de conhecimento no xamanismo: ostensão e deferência 6) Repertórios iconográficos das terras baixas sulamericanas 7) Narrativa, visualização e inscrição gráfica 8) Regimes de memória: atualização e virtualização 9) Equivocidades tradutórias e conflitos ontológicos

Docente Responsável:

Profª Drª Sylvia Caiuby Novaes
Ministrante: Profª Drª Carolina Junqueira

Carga Horária:120h
Créditos:8

Dando continuidade aos debates e reflexões surgidos no curso “O corpo, a morte, a imagem” (DA-USP/2º semestre de 2017), propomos agora um aprofundamento das questões ligadas aos monumentos e espaços memoriais. Tomando como ponto de partida o corpo do morto, especialmente em sua dimensão simbólica e política, analisaremos a construção de narrativas, imagens e memórias no imaginário coletivo e nos espaços públicos. Os memoriais serão analisados levando em consideração especialmente as questões éticas e morais do aparecimento do morto no espaço público. A memória é tanto uma função fisiológica quanto uma construção cultural, uma narrativa possível, permanentemente cambiante. Como nos sugere Andreas Huyssen, “a permanência prometida pela pedra do monumento está sempre erguida sobre a areia movediça”, o que nos leva a Robert Musil, ao dizer que “não há nada no mundo tão invisível como os monumentos”. Entre (im)permanências e (in)visibilidades, a narrativa memorial se constrói no espaço, na sociedade, nas mentalidades. Porém, é preciso levar em consideração, tanto quanto a memória materializada, aquela que não está, que não aparece, que foi sufocada ou deliberadamente apagada. O corpo é aquilo que desaparece – embora seja justamente aquilo que resta no momento da morte. O corpo morto é o que precisa desaparecer da vista dos vivos, e, em seu lugar esvaziado – a lacuna –, um outro corpo surgirá, feito de nova materialidade. Seja imagem, seja pedra, inscrição ou pronúncia do nome, aquele corpo desaparecido abre espaço para que uma marca se faça no espaço – um traço. Um marco de memória, de presença, que evoca o desaparecido em sua ausência, que o traz de volta para se colocar em uma nova dimensão de corpo. A marca é traço, é índice, é a impressão, na paisagem atual, daquilo que se faz ausente e presente ao mesmo tempo. O traço presente daquilo que desapareceu é o “aqui”, é a afirmação do tempo e do lugar que o morto agora ocupa, que o vivo agora vê. Falar em memoriais e práticas de memória é também conceber um determinado espaço coletivo como possuidor de uma aura, de uma ordem sagrada (separada), não é simplesmente o local em que se instaura um artefato, uma construção, pedra ou imagem. O lugar supõe questões e operações simbólicas fundamentais que ligam o morto ao vivo, o morto à história, o morto à memória; que ligam, sobretudo, o vivo a uma narrativa de passado, experimentada hoje. É preciso levar em consideração ainda que a ideia de morto vai muito além do corpo humano sem vida, o cadáver. O morto permanece um corpo político ativo, vivo, presente, quando convocado pelos vivos para participar da narrativa memorial e do imaginário coletivo. Tomando como referência monumentos e memoriais pelo mundo, além de noções como montagem, representação, presença, ausência, narrativa, violência e identidade, o objetivo do curso é produzir reflexões urgentes sobre o estado da memória no mundo contemporâneo, especialmente no Brasil. Veremos também o quanto a arte tem sido um dos grandes lugares de produção, articulação e questionamento da memória e do apagamento. Para além da bibliografia sugerida, trabalharemos sempre a partir de imagens, tomando-as como parte essencial das nossas reflexões.

Docente Responsável:

Profª Drª Sylvia Caiuby Novaes
Ministrante: Profª Drª Daniela Feriani

Carga Horária:120h
Créditos:8

O curso pretende investigar o potencial analítico, inventivo e estético da etnografia e da imagem como modos de ver, narrar e conhecer. A partir da relação entre campo e teoria, experiência e narrativa, forma e conteúdo, o objetivo é pensar e experimentar composições entre palavras e imagens para o fazer antropológico, numa proposta de “etnografia assombrada”: uma etnografia da aparição, como quimera, devir, linha de fuga, dobra, torção, em que os espantos, alicerces e escombros da pesquisa sejam incorporados como valores heurísticos. Tomando imagens de maneira ampla, como desenhos, fotografias, vídeos, performances, metáforas, gestos, a proposta é investigar em que medida diferentes regimes de visualidade contribuem para o conhecimento antropológico ao compor outras maneiras de ver-escrever. As imagens como formas de inscrição, expressão e evocação tensionam a representação e propõem experimentações visuais, conceituais e metodológicas à etnografia.

Docente Responsável:

Responsável: Prof Dr João Felipe Gonçalves

Carga Horária:120h
Créditos:8

A constituição do “urbano” ou das “cidades” enquanto objeto de estudo passou inegavelmente pela definição do que seria o “moderno”. Nesse sentido, diferentes temáticas, abordagens e questões foram delineadas para dar conta e definir as características do fenômeno urbano. Desse modo, os estudos citadinos, em suas mais diferentes frentes, são permeados pelas meta-narrativas da urbanização, da modernização, do desenvolvimento e de suas constantes crises. Da vida mental da cidade simmeliana à concepção de uma cultura urbana universal e autônoma da Escola de Chicago, passando por noções de urbanidade que a tomam pela sua anomia, patologia, marginalidade ou conflito; ou privilegiando leituras que concebem a urbe como cenário, ponto de fluxo ou conexão de macroestruturas globais, os estudos das cidades as tomam como loci privilegiados do moderno e da modernidade. Por detrás de tais ideias – e da própria origem dos estudos urbanos – surgem distintas versões da clássica polaridade tradicional/moderno que emergiu dentro do contexto colonial. O objetivo desse curso é descentrar as narrativas consagradas sobre as cidades nas ciências sociais e aprofundar visões críticas da urbanização por meio de conceitos que derivam de distintas realidades metropolitanas.

Docente Responsável:

Profª Drª Lilia Katri Moritz Scwarcz

Carga Horária:120h
Créditos:8

O objetivo do curso é estabelecer um diálogo interdisciplinar, realizando uma leitura ao mesmo tempo histórica, antropológica e social de documentos visuais diversos, inclusive artísticos. Numa época de explosão imagética, ainda nos contentamos em usar as imagens apenas como “ilustrações”, quando, na verdade, elas são documentos e, como tal, carregam interpretações variadas e por vezes divergentes. O curso debaterá, em sua primeira parte, uma “certa história da arte”, em que serão apresentados e discutidos autores que marcam uma abordagem teórica a partir da disciplina que primeiro se voltou às imagens como objeto de estudo autônomo. No segundo módulo, discutiremos pinturas do gênero de história e de paisagem histórica (com algumas inclusões de outros modelos de pintura e suportes de imagens), produzidas por viajantes estrangeiros, cientistas, naturalistas e artistas da, assim chamada, “Missão francesa de 1816” e aqueles da futura Academia Imperial de Belas Artes, fundada em 1826. No terceiro módulo, retomaremos questões apresentadas nos debates anteriores do curso, mas, a partir da crítica decolonial que vem destacando o eurocentrismo de nossas imagens e de nossas histórias da arte. No quarto e último módulo, refletiremos sobre metodologias diversas voltadas a analisar diferentes tipos de imagem, para além da arte ocidental que orienta as leituras mais canônicas da história da arte.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Sylvia Caiuby Novaes

Carga Horária:120h
Créditos:8

Como ver e mostrar os materiais de campo? Em sintonia com a linha de pesquisa “Antropologia das formas expressivas”, o curso pretende investigar os modos de fazer pesquisa através de diferentes grafias, entendidas, aqui, como modos de inscrição e expressão, em uma relação indissociável entre forma e conteúdo, narrativa e experiência, campo e teoria. O objetivo é explicitar, discutir e valorizar os processos criativos como valores heurísticos para o fazer antropológico, aproximando-o de outras áreas de conhecimento, como artes, literatura, arqueologia, design e afins. Fazer da pesquisa um “artesanato intelectual”, um ateliê, possibilita testar caminhos, tatear por significados, compor possibilidades que abrem para outros modos de ver e narrar/descrever/escrever, em uma proposta conceitual e metodológica de tomar a experimentação e a imaginação como processos de conhecimento. Como, de fato, “experimentar o pensamento do outro”, como propõe Eduardo Viveiros de Castro? Quais são os alcances e limites de uma abordagem que visa à apresentação e experimentação, ao invés da representação e explicação?

Docente Responsável:

Profa. Dra. Fernanda Arêas Peixoto

Carga Horária:120h
Créditos:8

O curso pretende abordar os espetáculos agenciados a partir de um outro, em especial, nos chamados “zoológicos humanos” e nas “Exposições universais e coloniais”, não se atendo a esses eventos, mas expandindo a análise para as cenografias museográficas, a produção cinematográfica e espetacular. As “Exposições coloniais” e os “zoológicos humanos” têm uma aparição pontual na história mundial recente, ocorrendo inicialmente na Europa, e logo se estendendo às Américas e ao continente asiático. Esses eventos espetaculares híbridos propunham organizações diversas para a condução do olhar dos visitantes, conjugando ações de domínios diversos, tais como exposições de pessoas e objetos, espetáculos, atividades de educação e de pesquisa, estabelecendo uma constante circulação que perpassava os campos da ciência e do espetáculo - seja ele cênico ou cinematográfico. Para auxiliar na discussão, visitaremos as noções de “teatralidade”, “performatividade” e “espetacularidade”, que são fundamentais para compreender esses fenômenos que, por sua vez, não podem ser entendidos fora da esfera de dominação colonial. O entrelaçamento desses conceitos, abordados tanto nos estudos teatrais, quanto na antropologia, podem auxiliar a compreensão dos dispositivos empregados para a criação de um efeito de autenticidade nos espectadores. O conteúdo do curso contará com uma introdução histórica sobre o tema e exercícios analíticos coletivos a partir de um corpus de imagens, filmes e áudios.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Rose Satiko Gitirana Hikiji
Profa. Dra. Alice Martins Villela Pinto
Prof. Dr. Yuri Prado Brandão de Souza
Prof. Dr. Gibran Teixeira Braga
Prof. Dr. Mihai Andrei Leaha

Carga Horária:120h
Créditos:8

O curso pretende discutir abordagens de universos musicais analisando produções audiovisuais diversas, com ênfase em filmes etnográficos. A partir de leituras de artigos, monografias e ensaios, e do contato com materiais audiovisuais produzidos no âmbito de diferentes projetos, busca-se criar diálogos entre discussões metodológicas e teóricas provenientes do campo da Antropologia Visual e da Etnomusicologia, de forma a mapear diferentes possibilidades analíticas voltadas aos estudos de fazeres musicais.

Docente Responsável:

Profª Drª Marina Vanzolini
Profª Drª Karen Gomes Shiratori

Carga Horária:120h
Créditos:8

O objetivo do curso é promover uma revisão da produção bibliográfica recente sobre povos indígenas das terras baixas sul-americanas, tendo como fio condutor a análise de uma forma relacional aparentemente recorrente na região - visibilizada nas figuras dos “donos”/“mestres” amazônicos. Esse recorte nos levará a investigar como um mesmo idioma de relações atravessa distintos “domínios” (parentesco, política, ritual, xamanismo etc.) e envolve diferentes agentes (missionários, patrões, plantas, animais, etc.) obrigando-nos a reconhecer, em consonância com diversos autores, a impossibilidade de pensar tais contextos isoladamente ou em relações de sobredeterminação.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Beatriz Perrone-Moisés

Carga Horária:120h
Créditos:8

O curso consiste de algumas sessões dedicadas à discussão de aspectos gerais da análise estrutural dos mitos, a partir de trechos da obra de Lévi-Strauss, situadas no início e no fim do semestre. As sessões intermediárias serão dedicadas à leitura e discussão do terceiro volume das Mitológicas, A origem dos modos à mesa. totalizando 12 sessões.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer

Carga Horária:120h
Créditos:8

A disciplina visa apresentar os contornos do surgimento e do desenvolvimento da antropologia do direito, em alguns países, com ênfase e aprofundamento em propostas que vêm constituindo, desde o final dos anos 1970, a antropologia do direito no Brasil, caracterizada por estreitos diálogos com estudos de gênero, estudos de outros marcadores sociais da diferença, da antropologia da política e dos direitos humanos.

Docente Responsável:

Prof. Dr. Marnio Teixeira Pinto
Prof. Dr. Marcio Ferreira da Silva

Carga Horária:120h
Créditos:8

Mapeamento geral das teorias do parentesco e dos debates em torno do paradigma genealógico, que marcaram a disciplina desde os seus primórdios,. Balanço da contribuição do método riveriano assim como das críticas a ele dirigidas no desenvolvimento da antropologia do século XX. Avaliação das propostas recentes de reconsideração ou refundação do método genealógico.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Fernanda Arêas Peixoto

Carga Horária:120h
Créditos:8

De feitio teórico, o curso propõe uma reflexão ampliada sobre a memória, pensando-a em função da combinação de distintas perspectivas: antropológica (memória como artefato, prática e forma de pensamento); sociológica (os quadros sociais da memória); histórica (as artes da memória na tradição europeia); psicanalítica (memória psíquica); artística (memórias e procedimentos nas práticas artísticas). Artes da memória porque se trata de refletir sobre os modos sinuosos e as astúcias da memória que, tomando a forma de inscrições espaciais, percursos temporais, expressões imagéticas e/ou narrativas, é forjada entre acúmulos e perdas, lembranças e esquecimentos. Artes da memória, ainda, porque se trata de pensar a memória como fabricação (fictio). Nesse semestre precisamente, o curso pretende explorar as relações entre memória e invenção, memória e técnica, tomando as artes da memória como artes da criação; atenção será conferida aos regimes de temporalidade e de visibilidade, aos retornos, reaparições e assombrações.

A proposta do curso se justifica em função da abertura de um campo ampliado de interlocuções dentro e fora da Antropologia, contribuindo para a formação teórica dos estudantes.

Docente Responsável:

Prof. Dr. Renato Sztutman

Carga Horária:120h
Créditos:8

1) Sobre a relação entre teoria e etnografia; 2) Antropologia, cognitivismo e ciências da percepção; 3) Antropologia e História; 3) Crítica pós-moderna e pós-colonial; 4) Antropologia Simétrica e “virada ontológica”; 5) Antropologias colaborativas e antropologias indígenas.

Lançaremos foco sobre três conjuntos de questões, a saber: 1) Em que sentido uma teoria antropológica é possível? Como conceitualizar a relação entre teoria nativa e teoria antropológica? O que dizer sobre a articulação entre teoria e etnografia? 2) O que fazer com dicotomias que fundaram a disciplina – como sujeito e objeto (do conhecimento e da ação), indivíduo e sociedade, natureza e cultura –, e que hoje se apresentam insuficientes e falhas, como revelam diferentes críticas etnográficas e epistemológicas? 3) Quais os desafios de uma “auto-antropologia”? O conceito de alteridade é mesmo constitutivo da prática antropológica? Quais as contribuições das novas antropologias feitas por indígenas para esse debate? O que seria uma antropologia colaborativa? Não se trata aqui, evidentemente, de buscar responder a estas questões por demais amplas, mas sim de examiná-las, desdobrá-las e situá-las em diferentes debates contemporâneos. Não se trata tampouco de realizar um panorama completo da produção teórica destas últimas quatro décadas, mas sim de selecionar algumas reflexões significativas e localizadas, capazes de articular problemas advindos de diferentes regiões da prática e do pensamento antropológicos.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Paula Montero
Dr. Henrique Fernandes Antunes

Carga Horária:120h
Créditos:8

Em contraste com a religião, que despertou o interesse da Antropologia desde o início da disciplina, seu polo oposto, o secular, apenas recentemente começou a atrair a atenção dos antropólogos. Em resposta a tal cenário, esta disciplina vai de encontro ao crescente interesse em torno do secular e de sua relação com a religião na atualidade, apresentando as principais contribuições do pensamento antropológico para o debate em pauta.
Atualmente, o entendimento de que as democracias devem ser seculares tornouse ubíquo, ao ponto do secularismo ser considerado, de modo acrítico, um pré-requisito indispensável para os regimes políticos na contemporaneidade. Questionando tal premissa, vieram à tona em várias partes do mundo diversos movimentos religiosos que têm colocado em xeque o secularismo como condição sine qua non dos regimes democráticos modernos, problematizando não somente os domínios do secular e sua estrita separação do religioso, mas também a clara divisão entre público e privado, política e religião, dentre outras. Tal contexto faz da análise dos questionamentos sobre secular, explícita na consolidação de uma antropologia do secularismo, componentes importantes para a compreensão dos dilemas e desafios presentes no cenário político contemporâneo, cada vez mais plural, e no qual fronteiras historicamente consolidadas se tornam cada vez mais porosas e borradas.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Lilia Katri Moritz Schwarcz
Dr. Paulo Augusto Franco
Dra. Marília Ariza
Dra. Larissa Nadai

Carga Horária:120h
Créditos:8

A disciplina pretende fomentar a discussão sobre fontes, documentos e arquivos a partir de uma série de trabalhos que se desenvolvem na intersecção de abordagens historiográficas e etnográficas. O objetivo principal é reunir e proporcionar o desenvolvimento de reflexões acerca do levantamento, da discussão e da elucidação de problemas teóricos e práticos que emergem exatamente na transgressão de fronteiras disciplinares rígidas ou pré-concebidas e sua relação com arquivos. A intenção é, portanto, lançar olhares para o arquivo não como um “depósito do tempo passado” (Azoulay, 2011), apaziguado e embotado, mas, ao contrário, como um campo vivo, isto é, dinâmico, repleto de significados, indagações, tensões, ambiguidades, silêncios e brechas. Para tanto, arquivos e documentos serão abordados em seus mais diversos gêneros, arranjos e sentidos, considerando escritas e imagens, documentos e arquivos do poder, memória e esquecimento, artes visuais, fontes sonoras, escritas de si e subjetividades diversas. É de particular interesse a consideração de perspectivas críticas que vêm revirando os arquivos e as lógicas de arquivamento em busca de interpelar as suas matizes coloniais eurocêntricas. Assim, ao considerar os modos de construção, objetivação e circulação que produzem um arquivo, bem como os sentidos e intenções neles transacionados, pretendemos incentivar, a um só tempo, leituras que sigam na corrente (along the grain) e na contracorrente (against the grain) dos arquivos (Stoler, 2010).

Docente Responsável:

Prof. Dr. Vagner Gonçalves da Silva
Dra. Cleyde Rodrigues Amorim

Carga Horária:120h
Créditos:8

A disciplina tem como objetivos discutir noções de raça, racismo e identidades étnico-raciais, passando por questões mais recentes envolvendo os movimentos sociais, as ações afirmativas para a população negra e os povos tradicionais de matriz africana, bem como os impactos das políticas conservadoras sobre esses grupos no país.
Na última década tem crescido significativamente a articulação de movimentos conservadores e ultraconservadores em diversos países do mundo. Em nosso país, grupos que se reconhecem como de direita, alçados ao poder utilizando-se do discurso populista-conservador, provocaram o recrudescimento do racismo, da lgbtfobia, da misoginia, da xenofobia dirigida aos refugiados, entre outras expressões de ódio que têm sido externadas principalmente pelas redes sociais na internet. Nesse contexto o racismo tem se tornado mais evidente no Brasil, e dentre os grupos mais atingidos estão as populações negras, alvos de discriminação e intolerâncias expressas de diversos modos. Em contraposição, alguns segmentos do movimento negro constroem diferentes estratégias de enfrentamento, inclusive no meio acadêmico.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Silvana de Souza Nascimento

Carga Horária:120h
Créditos:8

Esta disciplina tem como objetivo analisar e discutir diferentes perspectivas antropológicas que refletem sobre corpo e corporeidade, em diferentes contextos etnográficos, ocidentais e não-ocidentais. Serão analisadas, inicialmente, teorias que construíram a chamada “Antropologia do Corpo” e estudos do corpo em outras disciplinas, incluindo problemáticas que perpassam a relação corpo-pessoa, o cuidado, o sujeito, o biopoder, o adoecimento, o território, reflexões estas que possibilitaram fundar este campo de conhecimento. Posteriormente, serão debatidas pesquisas contemporâneas que apresentam distintas narrativas e abordagens teóricometodológicas a partir da crítica decolonial, artivista, negra, feminista, transfeminista, entre outras.
Problemáticas que envolvem o corpo e a corporeidade estão presentes nas teorias antropológicas clássicas, desde as primeiras pesquisas no início do século XX com Marcel Mauss, mas, sobretudo a partir da década de 1980, a Antropologia do Corpo passa a se constituir como um campo de pesquisa próprio, em diálogo com a fenomenologia, a psicanálise, a linguística, a crítica artística e as teorias da ciência. Dentro deste campo, o tema da saúde e da doença ganhou destaque, incluindo experiências religiosas de cura e de cuidados corporais, bem como as relações entre corpo e pessoa. Muitos avanços foram realizados para dar contornos às reflexões sobre corpo e corporeidades na antropologia, em contextos não-ocidentais e ocidentais, contudo, as críticas decoloniais foram construídas em outros campos de conhecimento para problematizar relações raciais, de gênero, classe, sexualidade, nação, etc. Assim, a proposta do curso é propor também alguns cruzamentos para pensar no corpo a partir de uma perspectiva interseccional, sem perder como foco da reflexão teórica a construção da corporeidade como constitutiva de um saber antropológico específico.

Docente Responsável:

Laura Moutinho da Silva
Denise Moraes Pimenta

Carga Horária:120h
Créditos:8

Esta disciplina surge de um primeiro esforço em reunir textos de autoras (e autores) latino-americanas e africanas que desafiam a categoria de gênero, apontando-a como parte integrante do aparato colonizador de territórios, corpos e epistemologias. Autoras como María Lugonnes, Gloria Anzaldúa, Lélia Gonzalez, Filomina Chioma, Achola Pala, Sylvia Tamale, Ifi Amadiume, Oyèrónké Oyěwùmí, dentre tantas outras, não apenas inquirem e afrontam o estabelecido campo dos estudos de gênero, mas vêm promovendo, desde alguns anos, transformações estruturais na área. Esta produção, que é plural e heterogênea, critica teorias consolidadas e seus modos de pensar a categoria gênero. Para além de apresentarem saberes e teorias complementares ou alternativos, estas intelectuais constroem pensamentos diversos daqueles desenvolvidos no Western. Diferente de apenas produzirem a crítica e indicarem saídas, estas autoras elaboraram teorias latino-americanas e africanas sobre gênero, colocando a anterioridade da senioridade em relação à sororidade no que diz respeito ao mundo das mulheres africanas, reafirmando que a formatação dos papéis de gênero é algo imposto pelo colonizador. Além disso, fazem frente ao feminismo branco civilizatório com o legado do matriarcado e a expressão do motherism (e tantos outros feminismos). Aposta-se na conversa e complementaridade dos pensamentos latinoamericanos e africanos sobre gênero, suas contestações ao “Feminismo” e enfrentamento ao constructo Mulher enquanto termo de caráter universal. Por fim, esta disciplina busca se debruçar sobre a grande virada de pensamento e produção de pesquisa empreendida por estas autoras, que seja, a mudança epistemológica. A partir delas, o foco deixou de ser a África e a América Latina (e mesmo a Ásia) como objetos de estudo, passando a ter atenção a forma ocidental de se estudar gênero, até então, algo naturalizado e tido como um dado. Em consequência destas reflexões, ocorre um turning point como muito bem apontado pela socióloga africana Oyèrónké Oyěwùmí, que sugere a necessidade da construção de “um sentido africano para os discursos ocidentais de gênero”. Ou seja, há uma virada de pensamento empreendida por este grupo de pensadoras, que buscam dar sentido não aos fazeres e saberes de seus grupos e comunidades, ao contrário, formulam reflexões a partir de África e da América Latina para compreender a colonialidade do poder imposta pelo Western colonizador, sendo a categoria gênero e seu emprego um dos braços perversos deste sistema.

Docente Responsável:

Prof. Dr. Pedro de Niemeyer Cesarino

Carga Horária:120h
Créditos:8

O curso tem como objetivo pensar as contaminações entre antropologia e literatura de ficção. Trata-se de refletir, fundamentalmente, sobre os modos como esses saberes (antropológico e literário) e alguns de seus praticantes ensaiaram encontros e experimentaram transferências diversas, que terminaram por conformar suas práticas e produções. O curso visa fornecer uma reflexão sobre certos modos de pensar e escrever antropologia e literatura ao longo da história de formação da disciplina e da literatura ocidental moderna. As aulas serão dedicadas à leitura e estudo tanto de obras antropológicas quanto literárias, tendo em vista a análise de problemas conceituais transversais às duas formas de produção de conhecimento. Busca-se, assim, estabelecer reflexões sobre questões diversas tais como o estatuto da autoria e os regimes de criatividade, o problema da equivocidade, o pressuposto da ficção e da virtualização, a variação ontológica e epistemológica, a consolidação de gêneros literários e sua relação com gêneros textuais ou orais em perspectiva transcultural, as políticas de apropriação, circulação, tradução, invenção e transformação criativas e os agenciamentos enunciativos.

Docente Responsável:

Prof. Dr. John Cowart Dawsey

Carga Horária:120h
Créditos:8

Após uma discussão inicial sobre o tema Traduzindo antropologia e performance, haverá sessões de leituras, discussões e experimentos de performance e tradução dos textos selecionados. O objetivo da disciplina é criar uma oficina online de leituras e discussões de obras significativas de antropologia e performance, ainda não traduzidas, realizando experimentos de tradução (textuais e performáticas) para fins de produzir uma coletânea em língua portuguesa.

Docente Responsável:

Prof. Dr. Júlio Assis Simões
Profa. Dra. Ana Claudia Duarte Rocha Marques
Dr. Antonio Pilão
Dra. Juliana Caruso

Carga Horária:120h
Créditos:8

As discussões nesta disciplina partem da concepção da existência e da importância de observar as variadas configurações familiares que não necessariamente se conformam ao modelo de casamento monogâmico, heterossexual e bioreprodutivo. Dessa forma, concentramos o debate no processo de reconfiguração do parentesco na antropologia a partir do final do século XX, marcado pelo questionamento de determinadas perspectivas normativas e biologizantes, vistas então como insuficientes tanto para se compreender as configurações familiares em sociedades não ocidentais quanto no contexto euro-americano. O objetivo é conduzir os/as alunos/as, através de produções etnográficas recentes que evidenciam diferentes representações e elaborações sobre o que é família, ampliando e atualizando os seus horizontes de pesquisa. O curso está organizado em três eixos principais de análise. O primeiro deles, o mais teórico, parte das formulações críticas elaboradas por David Schneider às visões naturalizantes do parentesco, para então debater o impacto que o feminismo e os estudos de gênero tiveram na reconfiguração desse campo. O segundo se volta à análise de configurações familiares não-heterossexuais e não-monogâmicas, destacando as recentes disputas relacionadas ao reconhecimento de famílias LGBT, poliamorosas, multiparentais, entre outras. Por fim, discutimos o impacto das novas tecnologias reprodutivas e do advento da genômica do século XXI, enfatizando o debate sobre tecnologias reprodutivas, os testes de paternidade/parentalidade, de ancestralidades e também, os de rastreamentos familiares.

Docente Responsável:

Profª. Drª. Marina Vanzolini Figueiredo

Carga Horária:120h
Créditos:8

O curso propõe uma incursão pela literatura antropológica sobre povos indígenas das terras baixas sul-americanas tomando como ponto de partida o debate, instaurado na década de 1990, entre autores que sustentavam a centralidade de uma lógica da predação expressa sobretudo na vida ritual, e aqueles que enfatizavam a importância das práticas cotidianas de cuidado e produção de parentesco como eixos alternativos para a compreensão dos mundos ameríndios. Após retomar alguns dos trabalhos mais significativos desse período extremamente fecundo do americanismo tropical, partiremos para a leitura de trabalhos etnográficos mais recentes, buscando rastrear como os temas da predação e do cuidado vem sendo trabalhados na literatura etnológica contemporânea, o que inclui uma reconsideração sobre a própria oposição predação vs. cuidado, tal como se apresentava naquele debate. Veremos como esses temas se recolocam sobretudo para aqueles que vêm pensando os impactos da ininterrupta destruição dos territórios e modos de vida indígenas, e de suas estratégias de resistência diante da catástrofe, bem como questões de gênero na amazônia indígena.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Silvana de Souza Nascimento
Ministrante: Prof. Dr. Francisco Cleiton Vieira Silva do Rego

Carga Horária:120h
Créditos:8

Este curso busca proporcionar uma visão geral da teoria antropológica constituída etnograficamente a partir dos estudos de gênero e sexualidade, olhando mais especificamente para os trânsitos de gênero e sexo. O objetivo desta disciplina é oferecer aos/às/es estudantes de pós-graduação a oportunidade de ler a teoria social e identificar argumentos-chave que desenham categorias em seu contexto disciplinar, no que concerne a formação do estudo antropológico da diferença sexual/de gênero. Discutiremos como ideias-chave associadas a autores e autoras de destaque estão relacionadas e iremos mapear as redes acadêmico-políticas nas quais circulam. Dada a impossibilidade de abarcar todo o cenário deste subcampo, nosso foco se circunscreve às abordagens teóricas etnográficas que se interessaram ou que galgaram contribuições para se pensar o trânsito entre práticas, posições e noções de pessoa a partir do sexo/gênero, seja em formato liminar, ritualístico ou de posicionamento social com algum caráter pretensamente fixo.

Docente Responsável:

Prof. Dr. João Felipe Ferreira Gonçalves

Carga Horária:120h
Créditos:8

Essa disciplina examina estudos etnográficos recentes sobre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, escritos sobretudo por antropólogos, mas também por acadêmicos de disciplinas lindeiras, como a história e os estudos culturais. Através do foco comparativo nesses dois contextos nacionais, a disciplina permite aos alunos discutir tópicos importantes para a antropologia contemporânea – tais como capitalismo, socialismo de estado, nacionalismo, pós-colonialismo, modernidade, globalização, memória, parentesco, e cultura pública – e, mais amplamente, a relação entre culturae poder. Ademais, a disciplina trata de questões metodológicas fundamentais, como a posicionalidade dos analistas sociais, a etnografia multissituada, etnografias à distância, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, e a diversidade de métodos na pesquisa antropológica.

Docente Responsável:

Prof. Dr. Renato Sztutman
Prof. Dr. Marcio Goldman

Carga Horária:120h
Créditos:8

Este curso pretende incrementar o diálogo entre produções etnográficas e reflexões teóricas em dois domínios tradicionalmente separados da antropologia, a chamada etnologia dos índios sul-americanos e os “estudos afro-brasileiros”. Diálogo que pretende trazer à luz novas conexões e novas diferenciações entre os coletivos tradicionalmente estudados por esses campos de saber.

Esse movimento inclui tanto a exploração de contextos nos quais se dão variadas formas de encontro entre tais coletivos, quanto a investigação das relações lógicas entre esses sistemas, seja no eixo das coexistências, seja no das sucessões espaço-temporais. Para isso, pretende-se basicamente – após a leitura e discussão de alguns textos de enquadramento mais geral – proceder à discussão de monografias que abordem diretamente contextos que estamos denominando “afro-indígenas”. Serão examinados em especial contextos e trabalhos que abordam as temáticas usualmente recortadas como “mestiçagem” e “sincretismo”.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Rose Satiko Gitirana Hikiji
Ministrante: Dr. Yuri Prado Brandão de Souza

Carga Horária:120h
Créditos:8

A disciplina tem como objetivo discutir o estudo de universos musicais a partir de perspectivas relacionadas ao campo da etnomusicologia. Serão discutidas diferentes possibilidades analíticas a partir de escutas e da leitura de monografias, ensaios e artigos sobre práticas musicais em diferentes contextos, desde aldeias amazônicas até as salas de concerto metropolitanas.

Docente Responsável:

Profa Dra Sylvia Caiuby Novaes
Ministrante: Dra Tatiana Lotierzo

Carga Horária:120h
Créditos:8

O desenhar e as considerações sobre desenhos vêm ganhando força na antropologia atual. Isso ocorre em meio a propostas que visam repensar os modos de conhecimento tradicionalmente adotados pela disciplina e, particularmente, os limites da escrita para o trabalho etnográfico. O curso segue essa tendência, propondo-se a articular textos de referência sobre desenho a temáticas e autores que embasam pesquisas recentes na linha de antropologia das formas expressivas e modos de conhecimento. Propomos pensar o desenho como relação que articula/sustenta e está implicada em outras relações, suas contribuições para a pesquisa de campo e que tipo de conhecimento ele pode produzir/expressar. Dessa forma, as aulas visam introduzir questões fundamentais para pensar tanto a prática do desenho feito por antropólogos, quanto os modos de pesquisa que envolvem desenhos outros. Que implicações, em suma, um desenho pode ter como mediador de conhecimentos – entre antropólogos e muitos mundos da existência que ali se encontram?

Docente Responsável:

Profa. Dra. Francirosy Campos Barbosa

Carga Horária:120h
Créditos:8

Apresentar como a antropologia constituiu objetos quando as temáticas são Islam, comunidades muçulmanas, mulheres muçulmanas, assim como constitui-se como campo de saber a partir de contextos sociais e culturais em sociedades de maioria muçulmana ou não. A disciplina propõe apresentar um olhar antropológico sobre comunidades/sociedades muçulmanas a partir de alguns tópicos: a) abordagens introdutórias sobre a gênese do Islam; fontes escriturárias e tradições b) etnografias sobre contextos islâmicos c) Apresentar e discutir temas emergentes relacionados (ou em interface) a esses contextos: gênero, direitos humanos etc.

A disciplina pretende aproximar os alunos de uma literatura sobre etnografias de contextos islâmicos que apresentem discussões variadas sobre o campo seja em perspectiva histórica, sociológica, etnográfica, psicológica a fim de suprir uma lacuna de estudos sobre o Islam em programas de pós-graduação, mas que, contribua sistematicamente com uma reflexão de temas pertinentes na contemporaneidade, tendo a religião como pano de fundo. A literatura de diferentes campos do conhecimento visa capturar a complexidade do problema a partir múltiplos casos e perspectivas de análise, evitando reduzir o Islam a uma única leitura e abordagem. Ao optar por um percurso de leituras claramente interdisciplinar - ainda que com forte ancoragem na teoria antropológica - o curso visa também propor um exercício de reflexão teórico-metodológico a partir de uma temática precisa. Espera-se que o aluno possa construir, ao final da disciplina, uma reflexão focada nos seus interesses de pesquisa, que contribua para que ele possa pensar em intersecções temáticas.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Heloisa Buarque de Almeida
Profa. Dra. Carolina Parreiras Silva

Carga Horária:120h
Créditos:8

O objetivo deste curso é promover a discussão e o entendimento dos muitos modos como as tecnologias e, em especial, a internet são utilizadas. Neste sentido, quer pensar modos como a internet e as conexões estabelecidas por meio dela, podem ser etnograficamente qualificadas e que implicações teóricas resultam destes esforços. Além disso, com a popularização do acesso, muitas pesquisas, ainda que não tomem o online como campo de pesquisa, têm utilizado informações provenientes da internet. Nesse sentido, o digital é pensado como contexto, campo e ferramenta de pesquisa. Assim, o curso propõe pensar também nos aspectos éticos envolvidos na coleta e uso de dados, o que leva a uma discussão mais ampla sobre propriedade, direitos e conteúdo dentro da rede.

Com os avanços das tecnologias de conexão e informação, é cada vez mais necessário que sejam debatidas as implicações e os usos que as pessoas fazem deste aparato tecnológico. Ainda que se trate de um campo já estabelecido dentro da Antropologia, com um corpo de pesquisas que vêm se desenvolvendo desde o início da década de 90, o que os estudos sobre tecnologia e internet mostram é a necessidade de aprofundar o entendimento dos muitos modos como as tecnologias são apropriadas e utilizadas, bem como dos contenciosos em que está envolvida (regulação, controle, neutralidade de rede, legislação). Por esse motivo, cabem reflexões nos âmbitos teórico, metodológico e ético, pensando em como a internet se conforma como campo, como contexto e como ferramenta de pesquisa.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Paula Montero
Prof. Dr. Guilherme Borges Ferreira Costa

A disciplina tem como objetivo investigar as reconfigurações do Estado brasileiro e de grupos civis diante da necessidade, mostrada por essas instâncias, de incorporar o princípio constitucional do pluralismo, entendido como valor intrínseco à democracia pela Carta Magna de 1988. O olhar da disciplina volta-se especificamente para os modos pelos quais a valorização do ideário pluralista vigente na Constituição se apresenta frente à diversidade religiosa, cuja crescente visibilidade tem reconfigurado as noções de laicidade e neutralidade jurídico-política.

Ao dirigir o olhar para as aproximações e tensões entre pluralismo constitucional e pluralismo religioso, a disciplina oferece novas vias para se compreender as experiências de diversidade observáveis na realidade brasileira corrente.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Lilia Katri Moritz Schwarcz
Dr. Paulo Augusto Franco de Alcântara

Este minicurso tem como objetivo repensar a ideia de arquivos visuais a partir da análise de seis recortes iconográficos. Para isso, teremos em conta perspetivas que tensionam e transgridem as fronteiras disciplinares entre história(s) e antropologia(s), confrontando esses arquivos não como “depósitos do tempo passado” (Azoulay, 2011), mas, ao contrário, como um campo vivo, repleto de tensões, ambiguidades, brechas, lacunas e indagações. Trata-se, antes, de um campo aberto à inquirição crítica no qual devem-se lançar questões antropológicas sobre o passado (Des Chenes, 1997). Retomando os conceitos de “fabulação crítica” (Hartman 2008) e de “práticas de recusa” (Campt 2019), vamos indagar sobre os limites dos arquivos coloniais em suas matrizes eurocêntricas, branqueadas e masculinizadas. Desenvolveremos uma leitura “contra-narrativa” dos arquivos visuais, questionando as suas lacunas e os silêncios que tanto reafirmam uma história construída sob o ponto de vista do poder (Troillot). Trabalharemos a recusa de suas formas autoritativas, pelo que esses arquivos não pretendem dizer, mostrar ou objetivamente apresentar. Temos em vista, pois, o exercício de realização de uma história do “afterimage”, como defende Kimberly Juanita Brown (2015: 14), que possa “ressuscitar corpos abandonados”, trazer imagens residuais como um dispositivo de reparação, de rememoração. A ideia é, também, procurar por "arquivos insurgentes”, como propõe o antropólogo João Biehl (2020), onde estejam estampadas as imagens do poder, mas também as suas rachaduras, e pequenas insurreições. Para tanto, a proposta implica analisar imagens de maneira tensionada, cruzando temporalidades, espaços e suportes, buscando reiterações formais que permitam estabelecer exercícios comparativos visuais.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Marta Rosa Amoroso
Profa. Dra. Dominique Tilkin Gallois

Promover a reflexão sobre abordagens antropológicas relativas aos modos de constituiçao de lugares, formas de territorialidade e relações entre tempo e espaço. Focalizar o debate da etnologia das terras baixas sul americanas em torno da noção de “terra tradicionalmente ocupada” e sistematizar as contribuições da antropologia na elaboração dos ordenamentos jurídicos relativos aos direitos constitucionais à terra dos povos indígenas. Acompanhar casos de gestão territorial de Terras Indígenas, em suas diferentes concepções e práticas.

O curso reflete o interesse renovado da antropologia na diversidade das formas de ocupação territorial indígena, como também se justifica pelo adensamento das lutas políticas para a defesa desses territórios, com destaque para as transformações dos marcos juridicos, no âmbito da Constituição de 1988, instrumento considerado paradigmático dos direitos dos povos indígenas e tradicionais. O curso propõe uma reflexão sobre as produções etnográficas das últimas décadas, a partir da leitura de estudos dedicados aos modos de construir e conceber o espaço nas terras baixas sul-americanas, em diálogo com a produção recente da chamada antropologia indígena. Por fim, focaliza a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas - PNGATI, por meio do estudo de casos, em diferentes contextos indígenas.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Heloisa Buarque de Almeida
Dra. Carolina dos Santos Bezerra Perez

Pensar as desigualdades e as disputas de narrativas dos grupos subalternizados da sociedade brasileira é um dos atravessamentos que permeiam os temas de pesquisa da docente ministrante do curso. Nesse contexto, a disciplina pretende pensar algumas relações entre corpo, poder e identidade na formação antropológica e das ciências sociais brasileira e latino-americana na contemporaneidade, a partir da compreensão da disputa entre os conceitos de raça/etnia, cultura, gênero, classe, sexualidade e o debate sobre a interseccionalidade articulado aos marcadores sociais da diferença. Historicamente, as relações étnico-raciais, de gênero e sexualidade no Brasil e na América Latina foram objeto de análise e pesquisa desde a fundação e consolidação do campo das ciências sociais brasileiras. Portanto, o curso aborda uma importante discussão para a formação de docentes, pesquisadores, cientistas sociais, ativistas e profissionais atuantes em diversas áreas de formação, de forma interdisciplinar. Ao problematizar as teorias racistas e antirracistas, que sustentam o racismo, preconceito e discriminação ainda tão presente na sociedade brasileira, articuladas com as teorias biologizantes das diferenças sexuais, vislumbramos o machismo, o sexismo e a lgbttifobia que reiteram os padrões e as normatividades de gênero que tanto produzem as violências físicas e simbólicas vivenciadas cotidianamente, pelas mulheres, populações negras, quilombolas, indígenas, grupos LGBTQIA+, etc. Propomos problematizar a diversidade dos pensamentos intelectuais na formação das ciências sociais brasileiras de forma interseccional, atentando para as dimensões de raça, gênero, classe, sexualidade, geração, território e religião tanto dos intelectuais, como dos grupos e comunidades por eles pesquisados.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Marta Rosa Amoroso
Dr. Erik Petschelies

Essa disciplina tem um duplo objetivo. Em primeiro lugar, discutir em profundidade a produção etnológica alemã a respeito dos povos indígenas das terras baixas sul-americanas, de modo a não apenas apresentar uma escola etnográfica fundamental para a construção do conhecimento sobre as populações ameríndias, mas também com o intuito de avaliar suas ressonâncias em estudos etnológicos mais recentes. O segundo objetivo decorre precisamento do primeiro: leituras de etnografias contemporâenas, bem como da produção intelectual realizada por pensadores indígenas, intenciona-se procurar por conexões, continuidades, rupturas e tensões, de modo a sublinhar a potência de novos atores e interpretações.

Em anos recentes, a produção antropológica alemã sobre as populações ameríndias vem sendo revisitada. Dissertações de mestrado e teses de doutorado, dossiês temáticos e traduções de obras até então inéditas revelam que a grande lacuna na história do pensamento antropológico brasileiro vem sendo preenchida. Assim, além dos estudos acerca da obra de Curt Nimuendajú, os trabalho de Karl von den Steinen, Theodor Koch-Grünberg e Max Schmidt recebem atenção renovada por etnólogos e historiodores da antropologia. Em paralelo a isso, intelectuais indígenas vem fazendo contribuições importantes para a etnologia brasileira. O presente curso tem por objetivo colocar em contato, precisamente, a produção etnológica alemã com estudos contemporâneos e pesquisas feitas por estudiosos ameríndios, com o intuito de vislumbrar diálogos, fricções, continuidades, enfim, propor um quadro mais plural na constituição da etnologia brasileira.

Docente Responsável:

Prof. Dr. Júlio Assis Simões
Profa. Dra. Cristiane da Silva Cabral

A partir de conceitos-chave como geração e curso de vida, a disciplina focalizará estudos sobre juventude, objetivando compreender: i- os processos de aprendizagem das normas de gênero, da sexualidade e as experiências sexuais juvenis na contemporaneidade; ii- as modalidades de interação afetivo-sexual na atual geração de adolescentes e jovens; iii- a construção e o impacto das políticas públicas em saúde sexual e reprodutiva para a população juvenil; iv- as relações e saberes que circulam a partir de tecnologias e plataformas digitais; v- as estratégias de gerenciamento de riscos e de prevenção de infecções sexualmente transmissíveis da população juvenil; vi- as particularidades das experiências sexuais e preventivas em função da intersecção entre marcadores sociais da diferença, tais como gênero, raça, renda, religião e nacionalidade; vii- as repercussões da pandemia de COVID-19 sobre a sociabilidade e a saúde dos jovens. Ao debater trabalhos de diferentes campos disciplinares que articulam sexualidade, geração, juventude e saúde, tomando como ponto de partida a compreensão da sexualidade como dimensão da subjetividade atravessada por processos políticos, culturais e históricos mais amplos, a disciplina visa contribuir para a formação de pesquisadores do ampla área de ciências sociais em saúde capazes de reconhecer a diversidade de demandas, experiências e repertórios sexuais, conjugais e de gênero e de adotar um olhar crítico acerca de políticas públicas universalistas e prescritivas. Assim, o curso buscará fomentar reflexões sobre as diferenças e desigualdades sociais, étnico-raciais, culturais, geracionais e de gênero que atravessam a sexualidade e a sociabilidade juvenil.

Docente Responsável:

Prof. Dr. Heitor Frúgoli Junior

O estudo de questões relativas à etnografia inspira debates permanentes no campo da antropologia, por sintetizar dimensões simultaneamente teóricas e empíricas. A presente disciplina busca se aprofundar em tal âmbito, com enfoque em obras estrangeiras referenciais que tomam o espaço urbano como dimensão constitutiva da pesquisa, por meio da prática etnográfica. O intuito é de analisar suas especificidades, bem como suas contribuições tanto à antropologia quanto à compreensão mais aprofundada de aspectos relacionais da vida citadina.

Trata-se de avançar no fortalecimento do campo da antropologia da cidade, além do aprofundamento do diálogo com outras áreas antropológicas, sem excluir o cotejo com produções disciplinares distintas, cujo campo investigativo configura um importante espaço de debates.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Ana Claudia Duarte Rocha Marques

Este curso tem por objetivo discutir e analisar temas e contextos de redesenho de direitos sociais e políticos, assim considerando aqueles que se abriram a partir da constituição de 1988, mas especialmente reconfigurações de ordem legal em correlação a mobilizações sociais concretas. A reflexão será realizada a partir de estudos etnográficos em curso que, apesar de independentes, compõem um esforço convergente entre noções etnográficas, teóricas, conceituais que contribuam para a reflexão e elaboração não apenas de trabalhos acadêmicos, mas também de políticas públicas e de ações políticas multidimensionais.

Duas suposições implícitas ao pensamento político permeiam as ciências sociais e o senso comum. Uma deles corresponde à idéia da política como um domínio próprio da vida social, idéia indissociável de um ideal democrático despojado de toda impureza impeditiva de sua realização. Outro confere ou atribui ao Estado a centralidade e chave de inteligibilidade de todo fenômeno político. Tais suposições estarão sob questionamento e escrutínio na análise de conduções teóricas e metodológicas de pesquisas antropológicas, passadas e contemporâneas, que discutam concepções de política e de poder e enfoquem relações entre política, parentesco, indivíduo e comunidade.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Rose Satiko Gitirana Hikiji

Desenvolver habilidades de escrita etnográfica, seja textual, seja audiovisual, por meio da apresentação e discussão de textos e filmes realizados pelos alunos.

Por meio do exercício da escrita etnográfica e de experimentos com a produção audiovisual, aprimorar a organização e apresentação dos materiais de pesquisa de campo antropológica.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Beatriz Perrone Moisés

Desde a legendária “Introdução” a Argonautas do Pacífico Sul, de Bronislaw Malinowski (1922), assumiu um lugar de consenso a ideia de que a antropologia se funda no trabalho de campo, a ponto de por vezes reduzir-se a isso. Nem toda “pesquisa de campo” ou “etnográfica” é antropologia, mas a reflexão antropológica é de fato feita com documentos etnográficos que resultam de pesquisa de campo. O valor da pesquisa de primeira mão, feita por longos períodos junto aos povos que se quer conhecer, em suas próprias línguas, já era reconhecido e praticado antes da publicação do texto de Malinowski. Na virada do século 19 para o 20, Franz Boas já refletia sobre os efeitos de sua vida “com os esquimó, como os esquimó”, no conhecimento e compreensão de seus modos de vida. Apesar das várias instruções arroladas por Malinowski em seu texto clássico e de obras como o Manual de Etnografia de Marcel Mauss (1947), a pesquisa de campo não tem receita.

Docente Responsável:

Prof. Dr. Stelio Marras
Prof. Karen Shiratori

Carga Horária:120h
Créditos:8

A partir das ciências humanas e da filosofia, embora sem nelas se bastar, o curso pretende aproximar-se do tema do Antropoceno (proposição de uma nova época geológica marcada pelos impactos em escala e velocidade de certas ações antrópicas na auto-regulação do planeta). Entram em cena, nos termos da filósofa da ciência Isabelle Stengers, os contraintes (constrangimentos) de Gaia, essa figuração do planeta agora restaurada, sob mil nomes, no século XXI. Tais constrangimentos, terríveis ou promissores, fazem emergir narrativas etnograficamente orientadas que reavivam as descrições, como a que se convencionou designar por estudos multiespécies. O curso deve se aproximar da usina dessas novas imaginações teóricas que encaram o Antropoceno como uma espécie de forçante do pensamento contemporâneo. Torna-se assim inevitável, por exemplo, refletir sobre a assunção de novas figurações do “Anthropos” e suas ciências quando agora, no Antropoceno, humano e não-humano já não se deixam mais tomar como simplesmente descontínuos entre si, em seus supostos contornos auto-evidentes. Tal corresponde a perguntar: qual ciência do propriamente humano no Antropoceno? Qual a do propriamente não-humano? Abre-se assim uma passagem, ainda que exígua, na qual se vislumbra o horizonte do além do homem? O evidente se desconcerta diante de novas e profusas evidências. Mas são estas o signo de qual ordem? Como forjar um discurso capaz de articulá-las e sem moldá-las a expectativas prévias e restritivas?

Docente Responsável:

Prof. Dr. Stelio Alessandro Marras

O curso ora proposto tem como objetivo a recuperação crítica e renovada do pensamento de Darcy Ribeiro sobre o Brasil (e os brasis). Diante dos constrangimentos políticos e ambientais, sociais e ecológicos de hoje, como herdar seu pensamento? Como mapear e triar suas influências e ramificações na inteligência do país? Onde a pertinência do uno e do diverso nele(s) hoje? Quando o Brasil, quando os brasis?