Disciplinas oferecidas no semestre

Docente Responsável:

Dr. Vagner Gonçalves da Silva
Drª. Ana Lídia Cardoso do Nascimento

Carga Horária:120h
Créditos:8

A disciplina se justifica pela oportunidade de diálogos interacadêmicos e de compartilhamento de vivências sobre as religiosidades e saberes tradicionais afro-indígena- brasileiros provenientes de diferentes regiões do Brasil, abordando contextos da pajelança, jurema, encantaria, culto aos caboclos, candomblé, umbanda, santo daime etc. Os dois proponentes do curso (Ana Lídia C. do Nascimento, da Universidade Federal Rural da Amazônia, campus Belém, e o seu supervisor do estágio pós-doutoral, Vagner Gonçalves da Silva, da USP) são atuantes nos campos do conhecimento colocados em perspectiva no programa, porém trata-se de ampliar o escopo da discussão por meio da presença (online) de professores convidados ao curso, sobretudo de universidades fora do eixo Rio-São Paulo, e de mestres de saberes tradicionais. Sabe-se que as produções sobre as religiões afro-brasileiras tiveram um crescimento expressivo, mas ainda há muito a se avançar e as reflexões comparativas entre regiões diversas e modalidades de culto podem gerar perspectivas colaborativas decorrentes da diversidade de compreensões, olhares, fazeres e experiências.

Docente Responsável:

Profª. Drª. Dominique Tilkin Gallois
Drª. Juliana Oliveira Silva

Carga Horária:120h
Créditos:8

Nesse curso, o foco do nosso debate serão as transformações indígenas impulsionadas nas relações de contato e os processos de indigenização das mercadorias. As mercadorias – componentes das “coisas dos brancos” – representam uma etapa dentro de um processo de incorporação de bens e conhecimentos estrangeiros que inclui elementos apropriados na relação entre indígenas e não-indígenas, e entre povos indígenas vizinhos. Os modos de inserção das populações não europeias no sistema capitalista mundial é um dos temas da Antropologia desde o início. Nos anos 1970, por um lado, enfatizava-se a aculturação e assimilação dos povos indígenas à sociedade nacional e, por outro, destacava-se o aspecto conflituoso do contato interétnico. Entre os anos 1980 e 1990, houve uma releitura antropológica das relações coloniais que passaram a ser vistas sob a ótica da reelaboração local e criativa de uma ordem global. A partir dos anos 2000, com o aumento crescente do acesso dos povos indígenas aos benefícios sociais e a cargos de trabalho remunerados, diferentes formas de classificar e incorporar as mercadorias têm sido evidenciadas. Alguns grupos atribuem as origens desses bens aos não-indígenas, outros a seres míticos, diferenciando-os ou não de seus próprios artefatos.

Docente Responsável:

Profª. Drª. Francirosy Campos Barbosa
Drª. Kelen Pessuto

Carga Horária:120h
Créditos:8

A disciplina visa integrar a Antropologia às imagens, proporcionando aos alunos uma compreensão aprofundada das práticas e teorias fundamentais nesse campo. Ao explorar a produção visual como ferramenta e objeto de pesquisa, a disciplina capacita os participantes a adquirirem habilidades práticas na representação e interpretação das culturas.

Docente Responsável:

Prof. Dr. Renato Sztutman
Dr. André Lopes

Carga Horária:120h
Créditos:8

Apresentar uma introdução aos cinemas indígenas praticados em diversos lugares do Brasil, com comparações pontuais com outras partes do mundo. A partir dos pioneiros experimentos etnográficos de Jean Rouch na África, Sol Worth e John Adair nos Navajo, realizaremos uma introdução às tradições antropológicas que deram origem aos experimentos filmográficos com povos indígenas ao redor do mundo. Em seguida visitaremos as experiências pioneiras dos Kayapó com Terence Turner, e o início do projeto Vídeo nas Aldeias. Faremos um sobrevoo por diversas iniciativas de cinemas indígenas em território brasileiro, comparando diferentes estratégias de auto-representação, linguagens fílmicas e modalidades de relação dos povos indígenas com suas respectivas figuras de alteridade, sejam elas outros grupos indígenas, pessoas mortas, espíritos que habitam suas paisagens, agentes de seus estados nacionais e assim por diante. A ideia é ter uma visão geral do que tem sido realizado em distintos lugares, as principais instituições, realizadores e intenções que norteiam essa recente produção. Por meio de inúmeras obras produzidas por cineastas indígenas, desde pequenas iniciativas fomentadas em parcerias com pesquisadores até produções maiores com apoio de instituições, o objetivo é oferecer através desses múltiplos discursos fílmicos uma aproximação às discussões contemporâneas da proposta cosmopolítica e seus desdobramentos nas reflexões da etnologia ameríndia.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Ana Claudia Duarte Rocha Marques

Carga Horária:120h
Créditos:8

O curso visa oferecer um espaço de reflexão ampliado sobre as artes da pesquisa antropológica, seus desafios e derivas, a partir dos projetos e experiências de investigação dos alunos, de modo a auxiliá-los, pela discussão integrada e comparada, em seus respectivos trabalhos. O objetivo central é realizar uma reflexão detida sobre procedimentos, recortes e escolhas analíticas, com o auxílio da troca de experiências entre pesquisadores provenientes de diferentes campos e subespecialidades no interior da Antropologia. A discussão coletiva se beneficiará da intervenção de um debatedor, previamente escolhido, e dos comentários dos demais alunos e da professora. Esse debatedor será um outro aluno do curso e, se for do interesse do aluno, um convidado externo poderá também participar da sessão de discussão de seu projeto. Indicações bibliográficas serão feitas ao longo do curso, em função das questões colocadas pelos projetos e de dois nortes centrais que orientam a disciplina: 1. a variedade de formas e feitios da pesquisa antropológica e 2. a inseparabilidade entre teoria e método.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Laura Moutinho

Carga Horária:120h
Créditos:8

A disciplina tem por objetivo principal a discussão e aprimoramento do projetos de pesquisa dos alunos ingressantes no doutorado do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. Além de examinar o conteúdo e a forma dos projetos, o curso busca fornecer aos alunos um treinamento em discussão acadêmica com colegas de diversas subáreas da antropologia.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Ana Claudia Duarte Rocha Marques

Carga Horária:8h
Créditos:8

O curso se propõe a oferecer um apanhado geral das teorias clássicas, cobrindo uma bibliografia considerada indispensável para a formação de profissionais em antropologia. Ainda que o (discutível) rótulo “teorias clássicas” abrigue um amplo leque de autores, temas e problemas - além de largo espectro cronológico -, trata-se de privilegiar alguns trajetos e tradições, comparando-os.

Docente Responsável:

Profa. Dra. Heloisa Buarque de Almeida

Carga Horária:120h
Créditos:8

Gênero tornou-se uma categoria e uma reflexão teórica muito relevante nas ciências humanas nas últimas três décadas. Sua produção teórica específica tem tido um desenvolvimento e uma produção crescente desde a década de 1970, em diálogo com as teorias sociais, com reflexões acerca das formas de poder e de desigualdade que são social e culturalmente produzidas. Os debates sobre gênero dialogam intensamente com as revisões acerca dos conceitos de sociedade, natureza, cultura, poder, violência, e com as questões de direitos humanos.
A disciplina tem como objetivos mostrar a construção do conceito de gênero nas ciências humanas e sociais, explorando a teoria em diversos níveis – desde a constituição do campo, a forte relação entre teoria de gênero e a teoria antropológica, a questão das interseccionalidade e de outros marcadores sociais da diferença, e os desdobramentos mais contemporâneos no campo.

Docente Responsável:

Prof. Dr. Heitor Frúgoli Júnior

Carga Horária:120h
Créditos:8

Trata-se de avançar nos fundamentos do campo da antropologia da cidade, com base numa tradição já acumulada, bem como frente aos consideráveis desafios advindos das múltiplas dimensões e crises que assinalam a vida urbana. Isso implica em contemplar, simultaneamente, o fortalecimento desse campo específico no interior da antropologia, os diálogos com outras áreas das ciências humanas, e o cotejo entre tradições existentes em distintos países.

Interessa-nos tomar as cidades como contextos assinalados por linhas de força amplamente diversificadas e heterogêneas, em que o enfrentamento etnográfico constitui uma prática decisiva na reconstituição de redes de relações e conexões, dadas a princípio pelas/os próprias/os citadinas/os, em suas relações com equipamentos e artefatos urbanos. Inicialmente, será realizado um mapeamento da antropologia urbana brasileira, com o exame dos principais referenciais que norteiam essa tradição, com os desafios etnográficos correspondentes. Em seguida, buscar-se-á ampliações de tal âmbito, com enfoque em outras tradições de antropologia urbana (estadunidense, francesa e ibérica) que tomam o espaço urbano como dimensão constitutiva da pesquisa.

Docente Responsável:

Rose Satiko Gitirana Hikiji
Yuri Prado Brandão de Souza

Carga Horária:120h
Créditos:8

Se a importância do registro sonoro para a etnomusicologia é bastante reconhecida, o registro audiovisual para a pesquisa de fazeres musicais foi explorado de forma esporádica na disciplina. No século XXI, observamos um crescimento do interesse dos etnomusicólogos nas produções audiovisuais, com a formação de grupos internacionais de discussão, a criação de uma revista acadêmica especializada, e espaços para a difusão de filmes etnomusicológicos. Ao mesmo tempo, a área da etnomusicologia audiovisual ainda não está consolidada, como se pode observar na pequena oferta de disciplinas e na ausência de formação técnica nas universidades para os pesquisadores interessados em aliar a produção audiovisual à pesquisa de fazeres musicais. Este curso visa a abrir espaço para a análise, reflexão e produção nesse campo de estudos.

Docente Responsável:

Prof. Dr. Renato Sztutman
Drs. Karen Shiratori, Fábio Zuker e Emanuele Fabiano

Carga Horária:120h
Créditos:8

Ao se debruçar sobre o fenômeno das plantations, esse curso pretende fazer um vaivém histórico e geográfico, em vista de abordar os elementos que estruturam histórica e ecologicamente este sistema agrícola de plantio definidor da própria modernidade. Pretende-se aqui compreender as plantations simultaneamente como uma forma colonial de habitar a terra, bem como uma estrutura política intrinsecamente relacionada à escravidão (Ferdinand, 2022).

Docente Responsável:

Fernanda Arêas Peixoto
Juliana Coelho de Souza Ladeira

Carga Horária:120h
Créditos:8

O curso pretende abordar os agenciamentos cênicos criados a partir de um outro (o colonizado), em especial, nas “Exposições universais e coloniais”, não se atendo a esses eventos, mas expandindo a análise para as cenografias museográficas, a produção cinematográfica e espetacular. Examinaremos alguns dispositivos de encenação desses outros, de seus objetos, assim como da própria paisagem colonial: dioramas, vitrines, esculturas, recriações arquitetônicas, recriações cênicas e espetáculos. As Exposições coloniais e universais têm uma aparição pontual na história mundial recente, ocorrendo inicialmente na Europa, e logo se estendendo às Américas e ao continente asiático. Esses eventos espetaculares híbridos propunham organizações para a condução do olhar dos visitantes, conjugando ações de domínios diversos como exibição de pessoas e objetos, espetáculos, atividades de educação e de pesquisa, estabelecendo circulações que perpassavam os campos da ciência e do espetáculo. Para auxiliar na discussão, visitaremos as noções de “teatralidade”, “performatividade” e “espetacularidade”, que são fundamentais para compreender esses fenômenos que, por sua vez, não podem ser entendidos fora da esfera de dominação colonial. O entrelaçamento desses conceitos, abordados tanto nos estudos teatrais, quanto na antropologia, podem auxiliar a compreensão dos dispositivos empregados para a criação de um efeito de autenticidade nos espectadores.