Profa. Dra. Laura Moutinho
O evolucionismo e o etnocentrismo são lidos como o “outro” do pensamento antropológico. Evitar juízos de valor em sua prática é o desafio que a antropologia coloca aos seus profissionais. Na história da disciplina há um evidente desconforto com a moral, tema sobre o qual a filosofia se debruça desde seus primórdios. Neste sentido, durante o processo de constituição do que denominamos de antropologia moderna, a moral - e também as emoções - foram tratadas como terrenos movediços que poderiam conduzir para dimensões normativas ou de menor importância, já que moral poderia ser subsumida no social e na cultural, não necessitando assim de estudos específicos. No caso das emoções, a evitação é ainda mais pronunciada por terem sido deslocadas para a ordem da intimidade e do privado. Esta disciplina tem por objetivo colocar a moral e a ética sob o escrutínio do pensamento antropológico e interpelar, muito especialmente, os sentimentos morais no campo político em articulação com marcadores sociais da diferença na forma como operam a desigualdade e instituem sujeitos políticos e coletividades. Serão percorridos manuscritos clássicos e etnografias contemporâneas que abordem o tema.